segunda-feira, 4 de junho de 2018









                                                                                                                            Divulgação/Museu Oscar Niemeyer







“Estou tirando o rótulo. Por exemplo, não sou o candidato do mercado, não sou o candidato do governo, não sou o candidato de Brasília.” Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB à presidente.

“Vejo gente preocupada em perder voto por estar ao lado do governo. Mas que voto? Quantos votos tem o Meirelles?” Carlos Marun (MDB), Ministro da Secretaria de Governo.








“A BRIGA VAI SER POR ESPAÇO, NÃO POR IDÉIAS”


                                                                                                                                                          Arquivo pessoal

Jornalista e marqueteiro desde o final dos anos 1980, o gaúcho Marcos Martinelli tem saído vencedor das campanhas que coordena. Nos últimos anos foi vitorioso em Portugal e no Brasil (Rio Grande do Sul e Amazonas). Aqui, ele fala sobre o marketing eleitoral e o pleito deste ano.

Pode-se dizer que o marketing político enfrenta, em 2018, o seu pior momento, desde a redemocratização? Por quê?
O momento é difícil não para o marketing. É difícil para o Brasil, para a política. Há muitas incertezas não só no Brasil como no mundo. O advento das redes sociais (ter o mundo na palma da mão), a necessidade de notícias midiáticas, de notícias novas a qualquer momento e a raiva que impera em todo o lugar estão fazendo com que, simplesmente, não se responda a questões básicas como, por exemplo, qual é o projeto de Brasil que qualquer partido tem. Eu não sei qual é. Que projeto de sociedade nós temos? Projetos de família, de educação, de economia, de desenvolvimento? Não tem. Ninguém pensa nisso. A discussão atual se resume em fustigar o adversário, criticar alguém, reduzir tudo à estaca zero, à criminalização de tudo. A dificuldade não é do marketing em si. É da sociedade. De perder o que está querendo, o que está buscando. Na verdade, não está buscando nada. Está buscando destruir e não construir. Isso é um problema e o marketing se insere nele. Vai ser mais difícil este ano? Sim. Até porque tem muita gente – e nós não estamos atentando para isso – que está abandonando a política, devido à sua criminalização. Por outro lado, não temos jovens entrando na política. A estrutura é viciada e antiga. Não deixa jovens entrarem, não os estimula. Ou seja, temos quase o pior se segurando na velha política e não conseguimos oxigenar o setor. Não oxigenando a política, não oxigenamos a sociedade. Não conseguimos criar perspectivas. O marketing tem dificuldades porque ele se insere nessa nova realidade e precisa apontar soluções que os próprios partidos não têm. Infelizmente, é uma constatação que a gente faz em várias campanhas. Os partidos não discutem internamente o que querem. Acabam indo para as campanhas sem saber o que defendem. Sem valores a defender. Nem falamos de linha ideológica. Não têm programas de governo. Ao marketing cabe uma tarefa bem difícil: a de alinhar ideias existentes em cada partido, em cada coligação e apresentá-las da melhor maneira possível. Mas essa discussão vai longe e ajuda a trancar o nosso país, a impedir que nós consigamos evoluir. Realmente, isso é muito triste.

Com pouco tempo para a campanha eleitoral, será possível conquistar os votos dos descrentes, dos que se propõem a votar em branco ou nulo?
O fato das campanhas estarem sendo encurtadas, realmente, dificulta o trabalho de mobilização, de discussão e quase impossibilita a inclusão do cidadão no debate sobre os reais problemas que país, estados e municípios enfrentam. Que a sociedade como um todo enfrenta. A eleição deste ano não deve ajudar na solução deste problema. Infelizmente. Isso porque a briga vai ser por espaço, por nomes e não por ideias, valores, causas. Infelizmente. O marketing vai ter que trabalhar, de acordo com o que querem os partidos, as coligações, o candidato ou candidatos. Se querem ou não discutir as questões que são fundamentais. Se forem a favor de qualquer coisa menor, as maiores tendem a ficar renegadas a um plano inferior. E aí deveremos eleger presidente e governadores que não falaram realmente com os que deveriam ouvi-los, nem sobre as questões públicas nem como se posicionar frente às deficiências do Estado e às reformas que nós insistimos em postergar. Nosso país, que se julga um país grande, com tantas coisas boas, com tantas riquezas acumuladas, não consegue parar, pensar, discutir e apontar saídas para um futuro que é cada vez mais incerto. Infelizmente.






BOM JESUS ESCOLHE NOVO PREFEITO
Em 20 cidades de 9 estados brasileiros, ontem, foram realizadas eleições para prefeito. No Rio Grande do Sul, Bom Jesus foi a única cidade com eleição suplementar. Diogo Grazziotin Dutra (PP) foi eleito com 3.146 votos (49,3%), resultado oficial do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). No entanto, ele não sabe se vai assumir. O atual prefeito, Frederico Arcari Becker, também do PDT, voltou ao cargo na quinta-feira (31/5) devido a uma liminar concedida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dutra só vai assumir o cargo caso Becker perca o processo no julgamento de mérito que ainda não tem data definida. O prefeito atual foi condenado por unanimidade pelo Tribunal Regional Eleitoral após denúncia de que havia distribuído cestas básicas durante o período eleitoral, em 2106. Becker foi absolvido em primeira instância. A votação de ontem totalizou 6 mil e 700 eleitores que foram as urnas apesar do frio de 10º.  (Rosane de Oliveira)

TOCANTIS ELEGE NOVO GOVERNADOR NO SEGUNDO TURNO
Mauro Carlesse (PHS) e Vicentinho Alves (PR) vão disputar o governo de Tocantins, em segundo turno, na eleição suplementar realizada neste domingo. Os dois e mais cinco candidatos concorreram para governador o estado até 31 de dezembro depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e sua vive, Cláudia Lelis (PV) acusados de captação ilegal de recursos nas eleições de 2014. Quem vencer no segundo turno vai governar Tocantins até 31 de dezembro e poderá concorrer à reeleição em outubro. Mauro venceu o primeiro turno com 30% dos votos, enquanto Vicentinho ficou 20% dos votos válidos. O que chamou a atenção é que votos brancos, votos nulos e a abstenção somaram quase 50% dos votos. (G1)

CRESCE NÚMERO DE NOMES QUE PODEM SER “PLANO B” DO PT
O fim do foro privilegiado para congressistas ampliou o número de nomes do PT para ser plano B de Lula. A atual presidente do partido, Gleisi Hoffmann que já desistiu de concorrer à reeleição ao Senado pelo Paraná, está disposta a ser a candidata do PT à presidência da república caso o ex-presidente Lula não possa ser candidato. Jacques Wagner, ex-governador da Bahia e ex-ministro é outro nome que Lula poderá indicar para concorrer à presidência da república. Estes dois nomes agradam ao ex-presidente porque seriam os únicos nomes do partido que se comprometeriam a assinar um indulto à Lula caso se elegessem. Ciro Gomes, do PDT, que já demonstrou interesse em coligar com o PT não tem a confiança de Lula. Para o ex-presidente, Ciro não dá certeza de que acabaria com a Lava Jato e que lhe daria o indulto para se livrar da prisão. Jaques Wagner disse ao jornal Estado de São Paulo que não pensa em ser candidato à presidência da república e que sua intenção em outubro é se eleger senador pela Bahia. Aliás, Wagner afirmou que já está em campanha.

Já Edinho Silva (PT-SP) concorda com o governador de Pernambuco, Camilo Câmara(PSB), que quer que o PT apoie Ciro Gomes (PDT como candidato à presidência da república. Para Edinho o ponto central da campanha deve ser o de soltura de Lula e de todos os petistas em volvidos na Operação Lava Jato. Edinho disse ao Estadão que “concordo com o governador Camilo, o PT não pode ir para o isolamento. Precisamos construir um campo maior que o processo eleitoral. Isto nos tira do isolamento e deixa claro para todos os governadores petistas qual é o papel das eleições para nós, neste momento”. Para o petista as eleições de outubro fazem parte do debate em defesa de Lula e da vitória, se não for do PT, de algum aliado”.  O ex- tesoureiro de Dilma Rousseff disse ainda que a campanha eleitoral será o “momento ímpar de defesa do legado de Lula que é maior que o próprio Lula. E complementou: “o PT quer vencer esta eleição, mas quer usar o debate eleitoral para fazer a defesa de Lula de forma transparente com a sociedade”. (Estadão).







ELEIÇÕES DE 2018:
MUITA EXPECTATIVA, POUCAS NOVIDADES


Se existe uma percepção de clamor popular para as eleições de outubro é o da necessidade de renovação do quadro político e da prática política. Mas ao contrário do que é esperado, dificilmente esse sentimento irá se refletir no resultado das urnas. Por diversas razões. A principal é a de que o número de candidatos à reeleição, mesmo com a redução da média histórica (veja o quadro abaixo), continuará predominando sobre o avanço das novas candidaturas.
 Ainda mais agora quando boa parte dos detentores de mandato, ameaçados pelos escândalos de corrupção, necessitam desesperadamente da salvaguarda oferecida pelo fórum privilegiado. Exceção feita aqueles que decidiram abandonar a vida pública, concorrer a outros cargos na disputa eleitoral, ou estão impedidos por força da lei da ficha limpa.
Evolução das candidaturas nas últimas quatro eleições nacionais.



Ano da eleição
Formação da CD no ano da eleição
Nº de candidatos
à reeleição
Índice de recandidatura
Nº de reeleitos
Índice de reeleição¹
Nº de novos
Índice de renovação²
2002
513
416
81,09%
283
68,02%
230
44,83%
2006
513
442
86,16%
267
60,41%
246
47,95%
2010
513
407
79,33%
286
70,76%
227
44,25%
2014
513
387
75,43%
273
70,54%
240
47%










Oquei, não dá para generalizar. Dentre os candidatos à reeleição existem vários que se enquadram às características desejadas pelo eleitor, quais sejam: ética, respeito, responsabilidade, compromisso, decência, zelo, integridade, comprometimento com as demandas sociais, autoridade (não confundir com autoritarismo), equilíbrio, conhecimento e experiência. O que não é pouca coisa, ainda mais num momento em que os brasileiros, por conta dos escândalos de corrupção, se mostram mais críticos e profundamente céticos em relação aos políticos.
Mas de um modo geral a grande discrepância, em termos de vantagem competitiva, está nos benefícios que o exercício do mandato proporciona aos candidatos que concorrem a reeleição. A começar pela consolidação da imagem. Com a redução de 90 para 45 minutos do tempo de campanha eleitoral, quem tem nome conhecido e serviços prestados tem sua vida facilitada em detrimento dos novos postulantes.
Outras regalias significativas dos candidatos à reeleição são a disputa da vaga no exercício do mandato; bases eleitorais já consolidadas; cabos eleitorais fidelizados; recursos e meios para angariar apoio, tais como verba do gabinete parlamentar e das emendas individuais (senadores e deputados federais) e, principalmente, da boa vontade das cúpulas partidárias na distribuição dos recursos do fundo eleitoral.
Por mais que pareça contraditório, diante desse quadro pouco otimista, o desgaste dos atuais detentores de mandato poderá sim resultar numa mudança do cenário eleitoral. A começar pelas votações individuais que deverão diminuir. Os índices de abstenção, de voto nulo e branco irão, com toda certeza, aumentar significativamente. E, se houver uma reação articulada da sociedade, será possível inserir estranhos nesse “ninho”. Para tanto, é primordial focar em algumas premissas.
A primeira delas é não se deixar levar por aqueles que, sob o discurso da renovação, não passam de substitutos de representantes de uma oligarquia local para outra. O que significa dizer que quem não conseguir se reeleger terá sua vaga ocupada, majoritariamente, por ex-prefeitos, ex-governadores, ex-deputados federais, estaduais ou distritais, ex-vereadores, ex-secretários, ex-ministros, por endinheirados, por parentes de caciques regionais e por celebridades, como os jogadores de futebol e artistas.
Outra, é unir os esforços dos setores populares para uma articulação em nível estadual e nacional para aumentar sua representação no Congresso. Nos moldes da que criou as bancadas ruralista (que atua em defesa dos interesses dos proprietários rurais), dos evangélicos e da bala (políticos ligados à indústria de armas, ex-policiais e militares de modo geral). Para tanto, é fundamental que os movimentos sociais e os trabalhadores dos setores público e privado priorizem candidaturas e concentrem votos nelas.
Da mesma forma, é preciso que os partidos do campo popular só realizem coligações na eleição proporcional onde houver identidade programática, sob pena dos votos dados aos candidatos que representam os trabalhadores ajudarem a eleger candidatos de partidos contrários ao seu ideário.
Se não houver esse esforço, digamos, revolucionário, a probabilidade é de que tenhamos parlamentos mais conservadores do que os atuais. E aí o sonho da renovação poderá se transformar num pesadelo. 














SALOMÃO À BRASILEIRA




                                                                                                                                      Getúlio Vargas e dona Darcy


No livro Tenho Dito, publicado em 1984, o jornalista Paulo de Tarso Riccordi conta “as histórias mais engraçadas dos nossos políticos”. Uma delas: em seu segundo governo, o presidente Getúlio Vargas adotou a postura de um sábio ao enfrentar a briga entre dois de seus ministros, os gaúchos João Neves da Fontoura (Relações Exteriores) e Oswaldo Aranha (Fazenda). Em separado, os dois recorreram a Getúlio. O primeiro a dar sua versão, foi Aranha. O presidente concluiu, depois de tudo ouvir: “É, tens razão, Oswaldo”. A mesma resposta foi dada a João Neves. Admirada e intrigada, a primeira-dama, dona Darcy, que acompanhara os dois encontros, diz ao marido:
- Getúlio, sábado deste razão ao Oswaldo e, agora, dizes que o João Neves é quem está com a razão?!
-É, tens razão, Darcy, afirmou o presidente, sem enrubecer.

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