Divulgação/Museu Oscar Niemeyer
“Estou tirando o rótulo. Por exemplo, não sou o candidato do
mercado, não sou o candidato do governo, não sou o candidato de Brasília.”
Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB à presidente.
“Vejo gente preocupada em perder voto por estar ao lado do
governo. Mas que voto? Quantos votos tem o Meirelles?” Carlos Marun (MDB), Ministro
da Secretaria de Governo.
“A BRIGA VAI SER POR ESPAÇO, NÃO POR
IDÉIAS”
Arquivo pessoal
Jornalista
e marqueteiro desde o final dos anos 1980, o gaúcho Marcos Martinelli tem saído
vencedor das campanhas que coordena. Nos últimos anos foi vitorioso em Portugal
e no Brasil (Rio Grande do Sul e Amazonas). Aqui, ele fala sobre o marketing
eleitoral e o pleito deste ano.
Pode-se dizer que o marketing político enfrenta, em 2018, o seu pior momento,
desde a redemocratização? Por quê?
O
momento é difícil não para o marketing. É difícil para o Brasil, para a
política. Há muitas incertezas não só no Brasil como no mundo. O advento das
redes sociais (ter o mundo na palma da mão), a necessidade de notícias
midiáticas, de notícias novas a qualquer momento e a raiva que impera em todo o
lugar estão fazendo com que, simplesmente, não se responda a questões básicas
como, por exemplo, qual é o projeto de Brasil que qualquer partido tem. Eu não
sei qual é. Que projeto de sociedade nós temos? Projetos de família, de
educação, de economia, de desenvolvimento? Não tem. Ninguém pensa nisso. A
discussão atual se resume em fustigar o adversário, criticar alguém, reduzir
tudo à estaca zero, à criminalização de tudo. A dificuldade não é do marketing
em si. É da sociedade. De perder o que está querendo, o que está buscando. Na
verdade, não está buscando nada. Está buscando destruir e não construir. Isso é
um problema e o marketing se insere nele. Vai ser mais difícil este ano? Sim.
Até porque tem muita gente – e nós não estamos atentando para isso – que está
abandonando a política, devido à sua criminalização. Por outro lado, não temos
jovens entrando na política. A estrutura é viciada e antiga. Não deixa jovens
entrarem, não os estimula. Ou seja, temos quase o pior se segurando na velha
política e não conseguimos oxigenar o setor. Não oxigenando a política, não
oxigenamos a sociedade. Não conseguimos criar perspectivas. O marketing tem
dificuldades porque ele se insere nessa nova realidade e precisa apontar
soluções que os próprios partidos não têm. Infelizmente, é uma constatação que
a gente faz em várias campanhas. Os partidos não discutem internamente o que
querem. Acabam indo para as campanhas sem saber o que defendem. Sem valores a
defender. Nem falamos de linha ideológica. Não têm programas de governo. Ao
marketing cabe uma tarefa bem difícil: a de alinhar ideias existentes em cada
partido, em cada coligação e apresentá-las da melhor maneira possível. Mas essa
discussão vai longe e ajuda a trancar o nosso país, a impedir que nós
consigamos evoluir. Realmente, isso é muito triste.
Com pouco tempo para a campanha eleitoral, será possível conquistar os votos
dos descrentes, dos que se propõem a votar em branco ou nulo?
O
fato das campanhas estarem sendo encurtadas, realmente, dificulta o trabalho de
mobilização, de discussão e quase impossibilita a inclusão do cidadão no debate
sobre os reais problemas que país, estados e municípios enfrentam. Que a
sociedade como um todo enfrenta. A eleição deste ano não deve ajudar na solução
deste problema. Infelizmente. Isso porque a briga vai ser por espaço, por nomes
e não por ideias, valores, causas. Infelizmente. O marketing vai ter que
trabalhar, de acordo com o que querem os partidos, as coligações, o candidato
ou candidatos. Se querem ou não discutir as questões que são fundamentais. Se
forem a favor de qualquer coisa menor, as maiores tendem a ficar renegadas a um
plano inferior. E aí deveremos eleger presidente e governadores que não falaram
realmente com os que deveriam ouvi-los, nem sobre as questões públicas nem como
se posicionar frente às deficiências do Estado e às reformas que nós insistimos
em postergar. Nosso país, que se julga um país grande, com tantas coisas boas,
com tantas riquezas acumuladas, não consegue parar, pensar, discutir e apontar
saídas para um futuro que é cada vez mais incerto. Infelizmente.
BOM JESUS ESCOLHE NOVO
PREFEITO
Em
20 cidades de 9 estados brasileiros, ontem, foram realizadas eleições para
prefeito. No Rio Grande do Sul, Bom Jesus foi a única cidade com eleição
suplementar. Diogo Grazziotin Dutra (PP) foi eleito com 3.146 votos (49,3%),
resultado oficial do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). No entanto, ele não
sabe se vai assumir. O atual prefeito, Frederico Arcari Becker, também do PDT,
voltou ao cargo na quinta-feira (31/5) devido a uma liminar concedida pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dutra só vai assumir o cargo caso Becker
perca o processo no julgamento de mérito que ainda não tem data definida. O
prefeito atual foi condenado por unanimidade pelo Tribunal Regional Eleitoral
após denúncia de que havia distribuído cestas básicas durante o período
eleitoral, em 2106. Becker foi absolvido em primeira instância. A votação de
ontem totalizou 6 mil e 700 eleitores que foram as urnas apesar do frio de 10º. (Rosane de Oliveira)
TOCANTIS
ELEGE NOVO GOVERNADOR NO SEGUNDO TURNO
Mauro
Carlesse (PHS) e Vicentinho Alves (PR) vão disputar o governo de Tocantins, em
segundo turno, na eleição suplementar realizada neste domingo. Os dois e mais
cinco candidatos concorreram para governador o estado até 31 de dezembro depois
que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o ex-governador Marcelo Miranda
(MDB) e sua vive, Cláudia Lelis (PV) acusados de captação ilegal de recursos
nas eleições de 2014. Quem vencer no segundo turno vai governar Tocantins até
31 de dezembro e poderá concorrer à reeleição em outubro. Mauro venceu o
primeiro turno com 30% dos votos, enquanto Vicentinho ficou 20% dos votos
válidos. O que chamou a atenção é que votos brancos, votos nulos e a abstenção
somaram quase 50% dos votos. (G1)
CRESCE
NÚMERO DE NOMES QUE PODEM SER “PLANO B” DO PT
O
fim do foro privilegiado para congressistas ampliou o número de nomes do PT
para ser plano B de Lula. A atual presidente do partido, Gleisi Hoffmann que já
desistiu de concorrer à reeleição ao Senado pelo Paraná, está disposta a ser a
candidata do PT à presidência da república caso o ex-presidente Lula não possa
ser candidato. Jacques Wagner, ex-governador da Bahia e ex-ministro é outro
nome que Lula poderá indicar para concorrer à presidência da república. Estes
dois nomes agradam ao ex-presidente porque seriam os únicos nomes do partido
que se comprometeriam a assinar um indulto à Lula caso se elegessem. Ciro
Gomes, do PDT, que já demonstrou interesse em coligar com o PT não tem a
confiança de Lula. Para o ex-presidente, Ciro não dá certeza de que acabaria
com a Lava Jato e que lhe daria o indulto para se livrar da prisão. Jaques
Wagner disse ao jornal Estado de São Paulo que não pensa em ser candidato à
presidência da república e que sua intenção em outubro é se eleger senador pela
Bahia. Aliás, Wagner afirmou que já está em campanha.
Já
Edinho Silva (PT-SP) concorda com o governador de Pernambuco, Camilo
Câmara(PSB), que quer que o PT apoie Ciro Gomes (PDT como candidato à
presidência da república. Para Edinho o ponto central da campanha deve ser o de
soltura de Lula e de todos os petistas em volvidos na Operação Lava Jato.
Edinho disse ao Estadão que “concordo com o governador Camilo, o PT não pode ir
para o isolamento. Precisamos construir um campo maior que o processo
eleitoral. Isto nos tira do isolamento e deixa claro para todos os governadores
petistas qual é o papel das eleições para nós, neste momento”. Para o petista
as eleições de outubro fazem parte do debate em defesa de Lula e da vitória, se
não for do PT, de algum aliado”. O ex-
tesoureiro de Dilma Rousseff disse ainda que a campanha eleitoral será o
“momento ímpar de defesa do legado de Lula que é maior que o próprio Lula. E
complementou: “o PT quer vencer esta eleição, mas quer usar o debate eleitoral
para fazer a defesa de Lula de forma transparente com a sociedade”. (Estadão).
ELEIÇÕES DE 2018:
MUITA EXPECTATIVA, POUCAS NOVIDADES
Se
existe uma percepção de clamor popular para as eleições de outubro é o da
necessidade de renovação do quadro político e da prática política. Mas ao
contrário do que é esperado, dificilmente esse sentimento irá se refletir no
resultado das urnas. Por diversas razões. A principal é a de que o número de
candidatos à reeleição, mesmo com a redução da média histórica (veja o quadro
abaixo), continuará predominando sobre o avanço das novas candidaturas.
Ainda mais agora quando boa parte dos
detentores de mandato, ameaçados pelos escândalos de corrupção, necessitam
desesperadamente da salvaguarda oferecida pelo fórum privilegiado. Exceção
feita aqueles que decidiram abandonar a vida pública, concorrer a outros cargos
na disputa eleitoral, ou estão impedidos por força da lei da ficha limpa.
Evolução
das candidaturas nas últimas quatro eleições nacionais.
Ano
da eleição
|
Formação da CD no ano da eleição
|
Nº
de candidatos
à
reeleição
|
Índice
de recandidatura
|
Nº
de reeleitos
|
Índice
de reeleição¹
|
Nº
de novos
|
Índice
de renovação²
|
2002
|
513
|
416
|
81,09%
|
283
|
68,02%
|
230
|
44,83%
|
2006
|
513
|
442
|
86,16%
|
267
|
60,41%
|
246
|
47,95%
|
2010
|
513
|
407
|
79,33%
|
286
|
70,76%
|
227
|
44,25%
|
2014
|
513
|
387
|
75,43%
|
273
|
70,54%
|
240
|
47%
|
Oquei, não dá para generalizar. Dentre os candidatos à reeleição existem vários que se enquadram às características desejadas pelo eleitor, quais sejam: ética, respeito, responsabilidade, compromisso, decência, zelo, integridade, comprometimento com as demandas sociais, autoridade (não confundir com autoritarismo), equilíbrio, conhecimento e experiência. O que não é pouca coisa, ainda mais num momento em que os brasileiros, por conta dos escândalos de corrupção, se mostram mais críticos e profundamente céticos em relação aos políticos.
Mas de um modo geral a grande discrepância, em termos de vantagem competitiva, está nos benefícios que o exercício do mandato proporciona aos candidatos que concorrem a reeleição. A começar pela consolidação da imagem. Com a redução de 90 para 45 minutos do tempo de campanha eleitoral, quem tem nome conhecido e serviços prestados tem sua vida facilitada em detrimento dos novos postulantes.
Outras regalias significativas dos candidatos à reeleição são a disputa da vaga no exercício do mandato; bases eleitorais já consolidadas; cabos eleitorais fidelizados; recursos e meios para angariar apoio, tais como verba do gabinete parlamentar e das emendas individuais (senadores e deputados federais) e, principalmente, da boa vontade das cúpulas partidárias na distribuição dos recursos do fundo eleitoral.
Por mais que pareça contraditório, diante desse quadro pouco otimista, o desgaste dos atuais detentores de mandato poderá sim resultar numa mudança do cenário eleitoral. A começar pelas votações individuais que deverão diminuir. Os índices de abstenção, de voto nulo e branco irão, com toda certeza, aumentar significativamente. E, se houver uma reação articulada da sociedade, será possível inserir estranhos nesse “ninho”. Para tanto, é primordial focar em algumas premissas.
A primeira delas é não se deixar levar por aqueles que, sob o discurso da renovação, não passam de substitutos de representantes de uma oligarquia local para outra. O que significa dizer que quem não conseguir se reeleger terá sua vaga ocupada, majoritariamente, por ex-prefeitos, ex-governadores, ex-deputados federais, estaduais ou distritais, ex-vereadores, ex-secretários, ex-ministros, por endinheirados, por parentes de caciques regionais e por celebridades, como os jogadores de futebol e artistas.
Outra, é unir os esforços dos setores populares para uma articulação em nível estadual e nacional para aumentar sua representação no Congresso. Nos moldes da que criou as bancadas ruralista (que atua em defesa dos interesses dos proprietários rurais), dos evangélicos e da bala (políticos ligados à indústria de armas, ex-policiais e militares de modo geral). Para tanto, é fundamental que os movimentos sociais e os trabalhadores dos setores público e privado priorizem candidaturas e concentrem votos nelas.
Da mesma forma, é preciso que os partidos do campo popular só realizem coligações na eleição proporcional onde houver identidade programática, sob pena dos votos dados aos candidatos que representam os trabalhadores ajudarem a eleger candidatos de partidos contrários ao seu ideário.
Se não houver esse esforço, digamos, revolucionário, a probabilidade é de que tenhamos parlamentos mais conservadores do que os atuais. E aí o sonho da renovação poderá se transformar num pesadelo.
SALOMÃO
À BRASILEIRA
Getúlio Vargas e dona Darcy
No
livro Tenho Dito, publicado em 1984, o jornalista Paulo de Tarso Riccordi conta
“as histórias mais engraçadas dos nossos políticos”. Uma delas: em seu segundo
governo, o presidente Getúlio Vargas adotou a postura de um sábio ao enfrentar
a briga entre dois de seus ministros, os gaúchos João Neves da Fontoura
(Relações Exteriores) e Oswaldo Aranha (Fazenda). Em separado, os dois
recorreram a Getúlio. O primeiro a dar sua versão, foi Aranha. O presidente
concluiu, depois de tudo ouvir: “É, tens razão, Oswaldo”. A mesma resposta foi
dada a João Neves. Admirada e intrigada, a primeira-dama, dona Darcy, que
acompanhara os dois encontros, diz ao marido:
-
Getúlio, sábado deste razão ao Oswaldo e, agora, dizes que o João Neves é quem
está com a razão?!
-É,
tens razão, Darcy, afirmou o presidente, sem enrubecer.
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