segunda-feira, 25 de junho de 2018










Brasília não é só política (Lago Paranoá)  -  Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília








“Crise moral pôs todos os partidos longe das ruas”. Fernando Henrique Cardoso.











MDB GAÚCHO SÓ DEFINE CHAPA NO ÚLTIMO DIA


A convenção estadual do MDB que vai escolher os candidatos que participarão das eleições de outubro próximo será realizada no dia 5 de agosto, última data prevista pelo calendário eleitoral para a realização das convenções. Até lá muitas conversas vão acontecer na busca de partidos para coligar. Hoje, a chapa para o governo do estado coloca José Ivo Sartori (MDB) e José Cairoli (PSD) como governador e vice na busca da reeleição.  Para o senado os candidatos são Germano Rigotto (MDB) e Beto Albuquerque (PSB). Lembrando que nunca um governador foi reeleito no Rio Grande do Sul (Polibio Braga)

MDB NACIONAL DEVE CONFIRMAR MEIRELLES CANDIDATO À PRESIDÊNCIA

Nesta terça-feira, em Brasília, a executiva nacional do MDB se reúne e deve confirmar Henrique Meirelles como o candidato do partido à presidência da República. Com apenas 1% nas intenções de votos na última pesquisa do Data Folha, Meirelles está longe de ser unanimidade dentro do partido. No entanto, os principais líderes do partido acreditam que é melhor concorrer com um candidato que defende o governo Temer do que se abster de lançar um candidato ao Planalto. Temer queria que o MDB se juntasse a escolha de um candidato de “centro”, mas ninguém quer ligar uma candidatura aos 82% de impopularidade que o governo Michel Temer mostra nas pesquisas. Moreira Franco, Eliseu Padilha, o próprio Temer e o senador Romero Jucá, presidente do partido, defendem a candidatura de Henrique Meirelles (UOL)

PSDB COMEMORA 30 ANOS EM SILÊNCIO

Na próxima terça-feira (26), em um hotel de Brasília, a executiva nacional do PSDB se reúne para comemorar, discretamente, os 30 anos de fundação do partido. Reconhecendo que este não é um dos bons momentos do partido, integrantes da cúpula afirmam que o evento será discreto e em lugar fechado, “apenas para não passar desapercebido”. O PSDB que tem o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, passa por desconfiança do eleitorado e não consegue deslanchar a pré-campanha de Alckmin à presidência da república. É bom lembrar que há 30 anos o partido foi fundado em um grande evento realizado no auditório Nereu Ramos, da Câmara Federal, com as presenças de Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas liderando uma dissidência do PMDB. (Estadão)

GOVERNADOR INTERINO VENCE ELEIÇÃO TAMPÃO EM TOCANTIS
O presidente da Assembleia Legislativa e governador interino do Tocantins, Mauro Carlesse (PHS), venceu o segundo turno da eleição suplementar realizada neste domingo. Mauro obteve 75,1% dos votos contra 24,8% do senador Vicentinho Alves (PR). A posse será dia 9 de julho. Carlesse fica no cargo até 31 de dezembro quando assumirá o novo governador a ser eleito em outubro. Carlesse concorre, outra vez, em outubro. O que chamou a atenção nesta eleição suplementar foi o grande número de pessoas que não votou em nenhum dos candidatos. Foram 527 mil eleitores. A abstenção, mais votos em branco e nulo, chegou a 51,8%, um recorde no estado. A soma de votos dos dois candidatos é menor que o número de quem não escolheu nenhum dos dois. O domingo de votação apresentou seções sem filas e ruas das cidades vazias. (G1)

AÉCIO NÃO VAI DECIDIR SOZINHO SE SERÁ CANDIDATO AO SENADO POR MINAS GERAIS

Antônio Anastasia, senador e pré-candidato ao governo de Minas Gerais, amigo do senador Aécio Neves, disse que seu padrinho político, não vai decidir sozinho se será candidato a reeleição ao senado. Aécio se afastou de antigos aliados depois que veio a público um áudio em que ele pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da JBS. Aécio ainda não definiu seu futuro político. (Estadão)

BOLSONARO NÃO VAI PARTICIPAR DE DEBATES

Jair Bolsonaro, pré-candidato à presidência da república pelo PHS, decidiu não participar dos debates durante a campanha do primeiro turno. Líder das pesquisas das intenções de votos com cenário sem Lula, Bolsonaro pretende organizar “lives” em redes sociais para conversar com seus eleitores durante os debates feitos na TV aberta. Conhecido por declarações polêmicas, o pré-candidato do PHS já vem evitando participar de sabatinas e entrevistas especiais. (Yahoo)

CÂMARA FEDERAL TEM SEMANA DE DOIS DIAS

A Câmara Federal vai trabalhar apenas dois dias nesta semana, tudo por causa do jogo da seleção na quarta-feira e as festas de São João. Os deputados tem sessões marcadas para hoje e amanhã. Só. E apenas com duas sessões, os deputados podem concluir a apreciação da proposta que permite a Petrobras transferir ou negociar 70% dos campos de sessão onerosa do pré -sal na Bacia de Santos. Os deputados de oposição trabalham para barrar ou mesmo adiar a votação deste projeto de lei. Outro projeto de lei que entra em pauta nestes dois dias é o cadastro positivo que está à espera de uma definição há mais de um mês. Com o novo projeto 100 milhões de consumidores farão parte do cadastro (Diário do Poder)   







Ontem, sentei em frente ao computador disposto a analisar, em meio a tantas opiniões divergentes sobre o candidato ideal para o grave momento vivido pelo país, qual seria afinal o estereótipo desse político diferenciado, deparei-me com um texto publicado no O Globo de 21 de fevereiro de 2016, de autoria de Gaudêncio Torquatro, que “assaltou” meu raciocínio. Por sua lógica e atualidade e por dizer aquilo que vejo, aquilo que penso e aquilo que sinto, sobre o imbróglio que se transformou o cenário político-eleitoral brasileiro. Decidi, então, reproduzi-lo, ao invés de adaptá-lo em meu comentário semanal no Politicando. 
É uma espécie de recado aos candidatos. Um manual de comportamento (ou será de boas maneiras) para enfrentar o novo eleitor, surgido a partir das grandes mobilizações populares e da descoberta dos grandes escândalos de corrupção. Uma leitura mais do que orientadora, educativa. Vamos à ela.

O perfil político que o Brasil quer

*Gaudêncio Torquato

Qual é o perfil político mais adequado ao momento que o país está atravessando?
Invariavelmente, a resposta a esta pergunta abarca uma bateria de princípios e valores de feição muito previsível.
Os eleitores apontariam certamente, entre outros, conceitos como ética, respeito, responsabilidade, compromisso, decência, zelo, integridade. Tanto nas regiões mais distantes e ainda sob influência de caciques políticos quanto nos centros de maior consciência política, a valoração ancorada na moralidade assume a liderança das preferências.
As demandas nessa direção são diretamente proporcionais ao intenso noticiário midiático dando conta da ladroagem que, nos últimos anos, assaltou o Estado brasileiro.
Por isso, as eleições de outubro próximo deverão ser mais seletivas que as de 2012, na crença de que o eleitorado comparecerá às urnas com um sentimento de que poucos políticos estão a merecer o seu voto. A constatação mais comum que se flagra na interlocução cotidiana é a de que “todos os políticos são farinha do mesmo saco”. Ante a expansão da descrença social, é oportuno resgatar os traços que ornam o perfil político do gosto do eleitor. Vejamos.
A primeira exigência que a população faz é que ele mantenha sintonia fina com as demandas sociais.  Não precisa ser ele necessariamente um despachante ou um assistente social distribuindo benefícios. Infelizmente em algumas regiões a figura do despachante é ainda bem popular. Esta sintonia fina se ampara no contato rotineiro com as bases. Por isso, a proximidade com o povo é um conselho a ser respeitado.
A desconfiança que se espraia em relação a tudo que se liga à política leva o eleitor a querer ouvir candidatos, sentir seu pulso, examinar de perto se a palavra dada será cumprida. Afinal, político é, hoje, sinônimo de mutreta.
O cidadão quer enxergar o valor da autoridade.  Regra geral, o brasileiro médio sente-se atraído pela figura do pai, que expressa autoridade, respeito, domínio do ambien­te doméstico, o homem providencial capaz de suprir as necessidades da família. Não se deve confundir autoridade com autoritarismo, conceito este que abriga outras componentes, como a arbitrariedade, o castigo imerecido, a brutalidade. 
Equilíbrio é outro valor que se exige, pela necessidade de se distinguir um sujeito harmônico, sereno, capaz de traduzir sentimento de justiça. Estes valores se integram e acabam conferindo ao político confiabilidade e respeita­bilidade, valores que foram esgarçados ou mesmo eliminados pelo tufão de escândalos que assola a vida política. Resgatar a crença na política não é tarefa fácil. E só alguns conseguirão ser bem-sucedidos nessa missão.
Os desafios da administração pública e as demandas crescentes das comunidades estão a exigir conhecimento e experiência dos políticos, fer­ramentas necessárias para o encontro de soluções rápidas, factíveis e justas. Quanto à experiência, não carece ela ter sido realizada na vida pública, podendo o candidato trazer da iniciativa privada uma bagagem de empreendimentos e feitos. As pessoas, regra geral, desconfiam de aventureiros e ignorantes por consi­derá-los uma “aposta cega, um tiro no escuro”.
O preparo, o discurso bem ordenado, a fluidez de ideias compreensíveis pode ajudar a elevar a ima­gem. Será melhor ainda se as propostas e os programas dos políticos fossem endossados por grupos sociais organizados e consolida­dos. Ou seja, se ele tiver o endosso de uma entidade de fins sociais. Seria uma maneira de puxar das margens para o centro a matéria política, o ideário, na esteira da desejável democracia participativa. 
A sociedade brasileira está bem organizada e representada por enti­dades, algumas muito fortes. Quem tiver condições de fazer esta articulação, de lá para cá, do poder centrípeto para o poder centrífugo, estará intermediando com legitimidade os interesses da coletividade. Este grupo que assim se comporta abre mais espaços de futuro.
Ao contrário, ao permanecer todo tempo trancado em gabinetes e escritórios, aquele que aspira a vida política corre o risco de jamais sentir o calor das ruas ou o “cheiro das massas”. Distancia-se e se desequilibra, pois os pés de um político devem, todo tempo, caminhar nas trilhas percorridas por suas bases. E o que as pesquisas indicam como valores negati­vos?
Indecisão é um deles por estar associado à ideia de político fraco, temeroso, tíbio. (A propósito, a imagem de ficar em cima do muro é colada aos integrantes de um partido. Por uma questão ética, este escriba omite o nome).
Encrenqueiro e corrupto são outros traços negativos. O brasileiro continua desconfiado de estilos rompantes, im­petuosos, viradores de mesa. É claro que mudanças são desejáveis, contanto que sejam gradativas, sem grandes sustos. Infelizmente, nos últimos tempos, grupos partidários têm se engalfinhado nas ruas em defesa e ataque a seus maiores protagonistas. 
Quem está ligado a coisas suspeitas, à teias de corrupção, mensalão e petrolão, enfim, à situações embaraçosas e não bem explicadas, será visto com desconfiança. Precisa se esforçar muito para se purgar. As Operações Lava Jato e Zelotes, que apuram desvios e eventos imorais, serão acompanhadas atentamente pelo olho mais apurado do eleitor. A população está mais atenta aos fatos da política, distinguindo os espaços do bem e do mal, do bom e do mau político. Perfis sem ideias na cachola, sem programas, sem conhecimento, terão voo curto na campanha que se aproxima. Alguns não passarão no primeiro teste.
Há, porém, um valor-conceito que expressa o esqueleto vertebral do político: trata-se da identidade, que abrange a história, o pensamento, a coerência, os sentimentos e a maneira de ser. Se a identi­dade é forte e positiva, o candidato será sempre associado às lembranças boas de seus eleitores e admiradores. Uma boa imagem, porém, não nasce e cresce da noite para o dia. Foquem a lupa para enxergar erros e acertos, pois a população já usa lentes há muito tempo.
·         *Jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação.

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