terça-feira, 9 de outubro de 2018







Segunda-feira foi o dia do levanta dá a volta por cima e sacode a poeira eleitoral. Dia 28 tem mais. Antônio Cruz/Agência Brasil







“Escolhemos uma amostra aleatória, mas representativa das distintas regiões do país. E dessa amostra que selecionamos, não encontramos nenhum elemento que possa questionar o processo eleitoral”. Laura Chinchilla, chefe da missão da OEA que veio ao Brasil para verificar a confiabilidade do sistema de votação eletrônica.












Rio Grande do Sul

O MDB É RÁPIDO E SARTORI APOIA BOLSONARO

Na onda conservadora que “varreu” o país nas eleições de domingo, o MDB agiu rapidamente e anunciou apoio do diretório estadual ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República. O emedebista, que busca à reeleição ao governo do Estado contra Eduardo Leite, do PSDB, tomou a frente e colou sua imagem no presidenciável mais votado no primeiro turno. Bolsonaro alcançou 52,63% dos votos válidos entre os eleitores do Rio Grande do Sul no primeiro turno. Entre os partidos que apoiam Sartori, apenas o PSB manifestou restrições ao apoio à Bolsonaro. (Gaúcha ZH)

ALIADOS QUEREM QUE EDUARDO LEITE ANUNCIE APOIO À BOLSONARO

Eduardo Leite, do PSDB, o mais votado no primeiro turno para o Palácio do Piratini, diz que “não me sinto representado integralmente em nenhuma das duas candidaturas” à Presidência da República. Na verdade, o tucano ainda analisa o fenômeno sem perder eleitores na etapa decisiva da eleição. Seus principais aliados, já falam abertamente em pedir votos para Bolsonaro no Estado. O PP convocou a executiva do partido para uma reunião no final da tarde desta terça-feira (9), quando deverá anunciar apoio ao candidato do PSL. O PTB deve anunciar sua posição nos próximos dias. Eduardo Leite está em Brasília para reunião com a direção nacional do partido, para só depois anunciar sua posição em relação a disputa nacional. (Gaúcha ZH)

ANA AMÉLIA ANUNCIA APOIO À JAIR BOLSONARO

Um dia depois de ver seu companheiro de chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), ficar em quarto lugar no primeiro turno da eleição presidencial, a senadora Ana Amélia (PP-RS) declarou apoio ao candidato Jair Bolsonaro (PSL). “Fui uma das maiores defensoras do impeachment de Dilma Rousseff (PT) e uma das vozes mais fortes no Senado contra o desgoverno do PT no Brasil. Não quero que o país corra o risco do PT voltar ao poder”, justificou a senadora gaúcha. (Correio do Povo)

Brasil

BOLSONARO E HADDAD DESCARTAM CONVOCAR NOVA CONSTITUINTE

No primeiro dia de campanha após a definição do primeiro turno, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) descartaram a possibilidade, se eleitos no dia 28, convocarem uma nova Constituinte. Os presidenciáveis deram as declarações em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, nesta segunda-feira (8). Ao falar sobre o assunto, o petista recuou da proposta que consta do programa de governo que ele próprio coordenou. Bolsonaro, por sua vez, desautorizou o vice em sua chapa, o general da reserva Hamilton Mourão, que chegou a defender a elaboração de uma nova Constituição por “notáveis”, sem a necessidade de “eleitos pelo povo”. O programa de governo do PT defende que o Brasil precisa de um novo processo constituinte “para a refundação democrática e desenvolvimento do País”. “Nosso governo participará logo após a posse da elaboração de um amplo roteiro de debates sobre os grandes temas nacionais e sobre o formato da Constituinte”, diz um trecho do documento. O candidato do PT, no entanto, declarou que a intenção agora é que as reformas sejam feitas por meio de “emendas à Constituição”. Já o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) disse que “quando se fala em Constituinte, não podemos admitir isso, até porque não temos autoridade para tal. Vamos ser escravos de nossa Constituinte”. “Nós, precisamos, sim, de ter um governo com autoridade e sem autoritarismo. Por isso, nos submetemos ao sufrágio popular”. (Estadão)

PARTIDOS CONSERVADORES AVANÇAM NA CÂMARA

Embalados pelo PSL, do presidenciável Jair Bolsonaro, partidos mais ligados ao ideário conservador ampliaram a representação na Câmara na próxima legislatura. Em um cenário de fragmentação recorde – 30 legendas elegeram parlamentares -, siglas como o PRB, ligado à Igreja Universal, e o DEM, além do PSL, melhoraram seu desempenho. O resultado das urnas revelou também que a distância se encurtou no grupo dos partidos médios. Houve uma queda expressiva de dois partidos que antes estavam entre os maiores: MDB e o PSBD. Eles caíram, respectivamente, 48% e 46%, em comparação com o desempenho de quatro anos atrás. A taxa de renovação da Câmara foi a maior dos últimos 20 anos – 52% conforme dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). O próximo presidente terá de negociar pautas e votos com mais partidos de bancadas médias, além dos nanicos antes sem congressistas – PRP, PMN, PTC e DC. Especialistas acreditam que eleitos por siglas que não atingiram a cláusula de barreira migrem para a base governista (Estadão) 

REDE, PCdoB E MAIS 12 PARTIDOS “DESIDATRAM” E CORREM RISCO DE EXTINÇÃO

A apuração dos votos de todo o país para a Câmara dos Deputados mostra que 14 dos 35 partidos existentes não conseguiram atingir um desempenho mínimo nas urnas e, com isso, vão perder instrumentos essenciais à sua existência a partir de 2019. Embora haja possibilidade de mudança, já que candidaturas com questionamento judicial ainda não tiveram seus votos computados, a Rede, da presidenciável Marina Silva, o PC do B da vice de Haddad, Manuela D’Ávila, e o PRTB, único formalmente aliado de Jair Bolsonaro (PSL), estão até o momento entre as siglas que não superaram a chamada cláusula de barreira. A cláusula estabelece que os partidos, na atual eleição, devem obter pelo menos 1,5% dos votos válidos nacionais ou a eleição de no mínimo 9 deputados federais em pelo menos 9 das 27 unidades da federação. Tradicional partido da esquerda brasileira e aliado histórico do PT, o PC do B “bateu na trave” ao eleger 9 deputados federais, mas apenas em 7 estados. Os votos válidos nacionais da sigla somaram 1,35%. Já a Rede de Marina Silva seguiu na esfera da Câmara o desempenho pífio da presidenciável. Criada em 2015, a sigla teve agora a sua estreia em uma eleição nacional, mas só elegeu um deputado federal, a advogada Joenia Wapichana (RR), a primeira indígena eleita na história para o Congresso Nacional. Os votos válidos da Rede somaram apenas 0,83%. De acordo com a lei, as siglas que não superarem a cláusula de barreira perdem direito ao fundo partidário, à propaganda eleitoral na TV e no rádio além do funcionamento legislativo (gabinete partidário, estrutura de assessores, discursos nas sessões entre outros). (Diário do Poder)  

NÚMERO DE MULHERES ELEITAS SE MANTÉM NO SENADO, MAS AUMENTA NA CÂMARA E NAS ASSEMBLEIAS


O número de mulheres eleitas para o Senado se manteve nas eleições deste ano sem alteração, mas a presença feminina aumentou na Câmara Federal e nas assembleias de forma geral, apontam dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2010, última eleição no qual 2/3 do Senado foram renovados, sete mulheres foram eleitas senadoras. Neste ano, o número se repetiu. As sete senadoras representam 13% dos eleitos neste ano. Apesar disso, nenhuma mulher foi eleita para o Senado em 20 Estados – em três deles, Acre, Bahia e Tocantins, não houve candidatas. Já na Câmara, houve um aumento de 51% no número de mulheres eleitas em relação a 2014. O número passou de 51 para 77 deputadas neste ano. Isso quer dizer que a nova Câmara vai ter 15% de mulheres na sua composição. Amazonas, Maranhão e Sergipe não elegeram nenhuma mulher. Considerando os deputados estaduais, as mulheres são 15% dos eleitos. Foram 161 deputadas, um aumento de 35% em relação a 2014. Mesmo com a melhoria na representatividade feminina, a proporção de mulheres segue abaixo da encontrada na população brasileira. No país, a cada 10 pessoas, 5 são do sexo feminino. (G1)    











A voz das ruas ecoou nas urnas



O resultado das eleições de primeiro turno serviram para mostrar o acerto das previsões da NS2 Consultoria, empresa criada em 2015 por quatro experientes jornalistas que, instigados pelas grandes mobilizações populares de 2013 e 2014, observaram que algo diferente estava se processando na vida política do país e que isso precisava ser analisado e compreendido.

Descontentes com o crescente índice de desemprego e do avanço da criminalidade, e revoltados com a descoberta de escândalos de corrupção envolvendo desvio de recursos públicos, milhões de brasileiros saíram da passividade e foram às ruas manifestar seu descontentamento.

Esse movimento foi o mote para o projeto de atuação da NS2, “Um novo eleitor, um novo político”. E a comprovação começou a ser sentida nas eleições de 2016 e consolidou-se nas eleições do último dia 7 de outubro.

A previsão inicial foi de que o eleitor seria muito mais intolerante, mais crítico e mais participativo dos processos eleitorais. Em outras palavras, abominaria as velhas práticas políticas e valorizaria candidaturas que se apresentassem como representantes da nova política, muito mais ao gosto do novo eleitor.

E a primeira demonstração dessa transformação de pensamento e atitude aconteceu antes e durante a campanha eleitoral. Refiro-me a utilização das redes sociais, especialmente o Facebook, o Twitter, o Instagran e o Whatsapp, como palanque virtual.

Apesar dos exageros e das fake news, podemos dizer que esta foi a eleição da Internet. Nunca, em tempo algum, tantos brasileiros participaram direta e ativamente do debate eleitoral. A ponto de desbancar a TV e o rádio como os principais agentes de convencimento de voto.

Isso fez cair por terra os argumentos de que o tempo de propaganda no rádio e na TV, bem como o somatório dos fundos eleitorais, justificariam a coligação de partidos de diferentes linhas programáticas e até mesmo ideológicas, e que seriam decisivos para o êxito nas urnas. O fenômeno eleitoral Jair Bolsonaro, do pequeno PSL, é o exemplo maior desse equívoco.

A segunda e mais contundente constatação do surgimento do novo eleitor e da necessidade da classe política se adaptar à nova realidade veio com o resultado das eleições.

A começar pelo número de cara novas. No Rio Grande do Sul, dos 31 candidatos eleitos para a Câmara dos Deputados, 11 (35%) são caras novas. Ainda mais significativa foi a renovação promovida na Assembleia Legislativa. Das 55 cadeiras disputadas, metade delas, 28, são de deputados de primeiro mandato.

Também a representação feminina do RS teve expressivo aumento na ocupação das vagas. Na Câmara Federal passou de uma cadeira para três e no Parlamento gaúcho de sete para nove. É a mulher fazendo jus a sua representatividade no universo eleitoral (53%) e aumentando seu espaço nos legislativos.

Outro acerto dos indicativos de mudança veio com a não eleição de figuras conhecidas e polêmicas da política nacional, que por terem se envolvido em escândalos perderam credibilidade junto ao eleitor. Dentre os casos mais significativos estão a ex-presidente Dilma Rousseff, o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira, os senadores Roberto Requião e Edison Lobão, o ex-senador Eduardo Suplicy, o deputado Sarney Filho, dentre outros.

Um terceiro acerto na previsão de que esta eleição seria diferente das outras está no número de eleitores descontentes que se abstiveram de comparecer às urnas e no número de votos nulos e brancos.

Trinta milhões de brasileiros – um em cada cinco eleitores – não foram votar nas eleições do primeiro turno. Já quanto aos votos nulos e brancos, 10,3 milhões de eleitores resolveram não escolher nenhum dos candidatos.

Para se ter uma ideia da grandiosidade dos números, somados votos nulos, brancos e abstenções, teremos um total equivalente a população da Argentina ou a de onze Uruguais.
Diante desses números, com seus avanços e retrocessos, fica transparente a mudança do cenário político brasileiro. Uma lição que deve ser entendida e aproveitada por todos. Vencidos e vencedores.

Heráclito, há 2.500 anos, filosofou dizendo que “nada existe de permanente a não ser a mudança”. Esse é o grande ensinamento deixado pelas eleições recém findas. O eleitor mudou. Essa é a voz das ruas que ecoou nas urnas. Sábios e bem sucedidos serão aqueles que entenderem isso.





 

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