Segunda-feira foi o dia do levanta dá a volta por cima e sacode a poeira eleitoral. Dia 28 tem mais. Antônio Cruz/Agência Brasil
“Escolhemos
uma amostra aleatória, mas representativa das distintas regiões do país. E
dessa amostra que selecionamos, não encontramos nenhum elemento que possa
questionar o processo eleitoral”. Laura Chinchilla, chefe da
missão da OEA que veio ao Brasil para verificar a confiabilidade do sistema de
votação eletrônica.
Rio Grande do Sul
O
MDB É RÁPIDO E SARTORI APOIA BOLSONARO
Na onda conservadora que
“varreu” o país nas eleições de domingo, o MDB agiu rapidamente e anunciou
apoio do diretório estadual ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da
República. O emedebista, que busca à reeleição ao governo do Estado contra
Eduardo Leite, do PSDB, tomou a frente e colou sua imagem no presidenciável
mais votado no primeiro turno. Bolsonaro alcançou 52,63% dos votos válidos
entre os eleitores do Rio Grande do Sul no primeiro turno. Entre os partidos
que apoiam Sartori, apenas o PSB manifestou restrições ao apoio à Bolsonaro.
(Gaúcha ZH)
ALIADOS
QUEREM QUE EDUARDO LEITE ANUNCIE APOIO À BOLSONARO
Eduardo Leite, do PSDB, o
mais votado no primeiro turno para o Palácio do Piratini, diz que “não me sinto
representado integralmente em nenhuma das duas candidaturas” à Presidência da
República. Na verdade, o tucano ainda analisa o fenômeno sem perder eleitores
na etapa decisiva da eleição. Seus principais aliados, já falam abertamente em
pedir votos para Bolsonaro no Estado. O PP convocou a executiva do partido para
uma reunião no final da tarde desta terça-feira (9), quando deverá anunciar
apoio ao candidato do PSL. O PTB deve anunciar sua posição nos próximos dias.
Eduardo Leite está em Brasília para reunião com a direção nacional do partido,
para só depois anunciar sua posição em relação a disputa nacional. (Gaúcha ZH)
ANA
AMÉLIA ANUNCIA APOIO À JAIR BOLSONARO
Um dia depois de ver seu
companheiro de chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), ficar em quarto
lugar no primeiro turno da eleição presidencial, a senadora Ana Amélia (PP-RS)
declarou apoio ao candidato Jair Bolsonaro (PSL). “Fui uma das maiores
defensoras do impeachment de Dilma Rousseff (PT) e uma das vozes mais fortes no
Senado contra o desgoverno do PT no Brasil. Não quero que o país corra o risco
do PT voltar ao poder”, justificou a senadora gaúcha. (Correio do Povo)
Brasil
BOLSONARO
E HADDAD DESCARTAM CONVOCAR NOVA CONSTITUINTE
No primeiro dia de campanha
após a definição do primeiro turno, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT)
descartaram a possibilidade, se eleitos no dia 28, convocarem uma nova
Constituinte. Os presidenciáveis deram as declarações em entrevista ao Jornal
Nacional, da Rede Globo, nesta segunda-feira (8). Ao falar sobre o assunto, o
petista recuou da proposta que consta do programa de governo que ele próprio
coordenou. Bolsonaro, por sua vez, desautorizou o vice em sua chapa, o general
da reserva Hamilton Mourão, que chegou a defender a elaboração de uma nova Constituição
por “notáveis”, sem a necessidade de “eleitos pelo povo”. O programa de governo
do PT defende que o Brasil precisa de um novo processo constituinte “para a
refundação democrática e desenvolvimento do País”. “Nosso governo participará
logo após a posse da elaboração de um amplo roteiro de debates sobre os grandes
temas nacionais e sobre o formato da Constituinte”, diz um trecho do documento.
O candidato do PT, no entanto, declarou que a intenção agora é que as reformas
sejam feitas por meio de “emendas à Constituição”. Já o presidenciável Jair
Bolsonaro (PSL) disse que “quando se fala em Constituinte, não podemos admitir
isso, até porque não temos autoridade para tal. Vamos ser escravos de nossa
Constituinte”. “Nós, precisamos, sim, de ter um governo com autoridade e sem
autoritarismo. Por isso, nos submetemos ao sufrágio popular”. (Estadão)
PARTIDOS
CONSERVADORES AVANÇAM NA CÂMARA
Embalados pelo PSL, do
presidenciável Jair Bolsonaro, partidos mais ligados ao ideário conservador
ampliaram a representação na Câmara na próxima legislatura. Em um cenário de
fragmentação recorde – 30 legendas elegeram parlamentares -, siglas como o PRB,
ligado à Igreja Universal, e o DEM, além do PSL, melhoraram seu desempenho. O
resultado das urnas revelou também que a distância se encurtou no grupo dos
partidos médios. Houve uma queda expressiva de dois partidos que antes estavam
entre os maiores: MDB e o PSBD. Eles caíram, respectivamente, 48% e 46%, em
comparação com o desempenho de quatro anos atrás. A taxa de renovação da Câmara
foi a maior dos últimos 20 anos – 52% conforme dados do Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). O próximo presidente terá de
negociar pautas e votos com mais partidos de bancadas médias, além dos nanicos
antes sem congressistas – PRP, PMN, PTC e DC. Especialistas acreditam que
eleitos por siglas que não atingiram a cláusula de barreira migrem para a base
governista (Estadão)
REDE,
PCdoB E MAIS 12 PARTIDOS “DESIDATRAM” E CORREM RISCO DE EXTINÇÃO
A apuração dos votos de todo
o país para a Câmara dos Deputados mostra que 14 dos 35 partidos existentes não
conseguiram atingir um desempenho mínimo nas urnas e, com isso, vão perder
instrumentos essenciais à sua existência a partir de 2019. Embora haja
possibilidade de mudança, já que candidaturas com questionamento judicial ainda
não tiveram seus votos computados, a Rede, da presidenciável Marina Silva, o PC
do B da vice de Haddad, Manuela D’Ávila, e o PRTB, único formalmente aliado de
Jair Bolsonaro (PSL), estão até o momento entre as siglas que não superaram a
chamada cláusula de barreira. A cláusula estabelece que os partidos, na atual
eleição, devem obter pelo menos 1,5% dos votos válidos nacionais ou a eleição
de no mínimo 9 deputados federais em pelo menos 9 das 27 unidades da federação.
Tradicional partido da esquerda brasileira e aliado histórico do PT, o PC do B
“bateu na trave” ao eleger 9 deputados federais, mas apenas em 7 estados. Os
votos válidos nacionais da sigla somaram 1,35%. Já a Rede de Marina Silva
seguiu na esfera da Câmara o desempenho pífio da presidenciável. Criada em
2015, a sigla teve agora a sua estreia em uma eleição nacional, mas só elegeu
um deputado federal, a advogada Joenia Wapichana (RR), a primeira indígena
eleita na história para o Congresso Nacional. Os votos válidos da Rede somaram
apenas 0,83%. De acordo com a lei, as siglas que não superarem a cláusula de
barreira perdem direito ao fundo partidário, à propaganda eleitoral na TV e no
rádio além do funcionamento legislativo (gabinete partidário, estrutura de
assessores, discursos nas sessões entre outros). (Diário do Poder)
NÚMERO
DE MULHERES ELEITAS SE MANTÉM NO SENADO, MAS AUMENTA NA CÂMARA E NAS
ASSEMBLEIAS
O número de mulheres eleitas
para o Senado se manteve nas eleições deste ano sem alteração, mas a presença
feminina aumentou na Câmara Federal e nas assembleias de forma geral, apontam
dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2010, última eleição no qual 2/3
do Senado foram renovados, sete mulheres foram eleitas senadoras. Neste ano, o
número se repetiu. As sete senadoras representam 13% dos eleitos neste ano.
Apesar disso, nenhuma mulher foi eleita para o Senado em 20 Estados – em três
deles, Acre, Bahia e Tocantins, não houve candidatas. Já na Câmara, houve um
aumento de 51% no número de mulheres eleitas em relação a 2014. O número passou
de 51 para 77 deputadas neste ano. Isso quer dizer que a nova Câmara vai ter
15% de mulheres na sua composição. Amazonas, Maranhão e Sergipe não elegeram
nenhuma mulher. Considerando os deputados estaduais, as mulheres são 15% dos
eleitos. Foram 161 deputadas, um aumento de 35% em relação a 2014. Mesmo com a
melhoria na representatividade feminina, a proporção de mulheres segue abaixo
da encontrada na população brasileira. No país, a cada 10 pessoas, 5 são do
sexo feminino. (G1)
A
voz das ruas ecoou nas urnas
O resultado das eleições de
primeiro turno serviram para mostrar o acerto das previsões da NS2 Consultoria,
empresa criada em 2015 por quatro experientes jornalistas que, instigados pelas
grandes mobilizações populares de 2013 e 2014, observaram que algo diferente
estava se processando na vida política do país e que isso precisava ser
analisado e compreendido.
Descontentes com o crescente
índice de desemprego e do avanço da criminalidade, e revoltados com a
descoberta de escândalos de corrupção envolvendo desvio de recursos públicos,
milhões de brasileiros saíram da passividade e foram às ruas manifestar seu
descontentamento.
Esse movimento foi o mote
para o projeto de atuação da NS2, “Um novo eleitor, um novo político”. E a
comprovação começou a ser sentida nas eleições de 2016 e consolidou-se nas
eleições do último dia 7 de outubro.
A previsão inicial foi de
que o eleitor seria muito mais intolerante, mais crítico e mais participativo
dos processos eleitorais. Em outras palavras, abominaria as velhas práticas
políticas e valorizaria candidaturas que se apresentassem como representantes
da nova política, muito mais ao gosto do novo eleitor.
E a primeira demonstração
dessa transformação de pensamento e atitude aconteceu antes e durante a
campanha eleitoral. Refiro-me a utilização das redes sociais, especialmente o
Facebook, o Twitter, o Instagran e o Whatsapp, como palanque virtual.
Apesar dos exageros e das
fake news, podemos dizer que esta foi a eleição da Internet. Nunca, em tempo
algum, tantos brasileiros participaram direta e ativamente do debate eleitoral.
A ponto de desbancar a TV e o rádio como os principais agentes de convencimento
de voto.
Isso fez cair por terra os
argumentos de que o tempo de propaganda no rádio e na TV, bem como o somatório
dos fundos eleitorais, justificariam a coligação de partidos de diferentes
linhas programáticas e até mesmo ideológicas, e que seriam decisivos para o
êxito nas urnas. O fenômeno eleitoral Jair Bolsonaro, do pequeno PSL, é o
exemplo maior desse equívoco.
A segunda e mais contundente
constatação do surgimento do novo eleitor e da necessidade da classe política
se adaptar à nova realidade veio com o resultado das eleições.
A começar pelo número de
cara novas. No Rio Grande do Sul, dos 31 candidatos eleitos para a Câmara dos
Deputados, 11 (35%) são caras novas. Ainda mais significativa foi a renovação
promovida na Assembleia Legislativa. Das 55 cadeiras disputadas, metade delas,
28, são de deputados de primeiro mandato.
Também a representação
feminina do RS teve expressivo aumento na ocupação das vagas. Na Câmara Federal
passou de uma cadeira para três e no Parlamento gaúcho de sete para nove. É a
mulher fazendo jus a sua representatividade no universo eleitoral (53%) e aumentando
seu espaço nos legislativos.
Outro acerto dos indicativos
de mudança veio com a não eleição de figuras conhecidas e polêmicas da política
nacional, que por terem se envolvido em escândalos perderam credibilidade junto
ao eleitor. Dentre os casos mais significativos estão a ex-presidente Dilma
Rousseff, o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira, os senadores Roberto
Requião e Edison Lobão, o ex-senador Eduardo Suplicy, o deputado Sarney Filho,
dentre outros.
Um terceiro acerto na previsão
de que esta eleição seria diferente das outras está no número de eleitores descontentes
que se abstiveram de comparecer às urnas e no número de votos nulos e brancos.
Trinta milhões de
brasileiros – um em cada cinco eleitores – não foram votar nas eleições do
primeiro turno. Já quanto aos votos nulos e brancos, 10,3 milhões de eleitores
resolveram não escolher nenhum dos candidatos.
Para se ter uma ideia da grandiosidade
dos números, somados votos nulos, brancos e abstenções, teremos um total
equivalente a população da Argentina ou a de onze Uruguais.
Diante desses números, com
seus avanços e retrocessos, fica transparente a mudança do cenário político
brasileiro. Uma lição que deve ser entendida e aproveitada por todos. Vencidos
e vencedores.
Heráclito, há 2.500 anos,
filosofou dizendo que “nada existe de permanente a não ser a mudança”. Esse é o
grande ensinamento deixado pelas eleições recém findas. O eleitor mudou. Essa é
a voz das ruas que ecoou nas urnas. Sábios e bem sucedidos serão aqueles que
entenderem isso.
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